sábado, 24 de maio de 2008

As boas maneiras

Confesso que ontem me orgulhei de uma cena que vi. Afinal a tal "juventude perdida" não está tão perdida quanto isso.
Ia o autocarro cheio, mesmo à pinha (como já vem sendo hábito desde que a STCP reestruturou a rede) e suas gentilezas, meninas de bem, sentadas nos lugares de cedência obrigatória. Na boa. Sem preocupações nem stresses (a não ser se havia algum cabelo desalinhado ou se os lábios já não tinham gloss fuchsia suficiente para encandear os restantes passageiros). Uma senhora entrou. Tinha os seus 80 e muitos anos (mais uma vez atiro, provavelmente, ao lado, mas a verdade é a tal que já mencionei) e denotava uma fragilidade imensa (mal conseguia andar). Como também é hábito, ninguém levantou o seu belo cagueiro do sítio para deixar sentar a senhora. E vai que não vai, vem uma rapariga disparada do fundo do autocarro que chega à beira de uma das meninas de bem, agarra-a pelo ombro (até a mim me doeu) e lhe diz " A menina bai bém acómodáda? Olhe que não parece que precise máis do quésta sinhora! Ora lebante-se lá e seija educada pelo menos uma bez na bida!".
Em seguida deve ter-se sentido qual Maomé no levantar das águas, quando toda a gente se arrumou para o canto para a deixar passar de volta para o seu lugar, bem lá no fundo.
Foi bonito de se ver.
(Tal como dizia uma Senhora de um tasco lá da Ribeira, aqui há uns dias "Hajam mulheres com eles no sítio!")


A Passageira

3 comentários:

Sara M disse...

olé!! e haja quem tenha tomates pelas pitas fluorescentes que não os têm :)

muito bom blog, um conceito super original - já estás nos meus links**

beijinhos!

J25 disse...

E mai'nada! à ca'granda mulher!

Não ando de transportes públicos, mas lembro-me de uma situação em que entrei de braço ao peito num autocarro e não havia lugares. Nos lugares "reservados" estavam umas miúdas e uma senhora nos seus 60 e tal anos... pois essa senhora levantou-se e disse que eu precisava mais do que ela de ir sentado... depois de uma troca de palavras a fiz ver que eu não padecia de nenhum mal de pernas e que ela, fruto de uma vida inteira de serviço à sociedade (seja qual for o trabalho que ela tenha feito, isso tb não interessa) é que merecia ir descansada na viajem... as miúdas nem uma pestana moveram, ou não fossem borrar a pintura à la Picasso da cara...

Tia Brites disse...

Um aplauso para ela. Dos grandes!